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19-01-2005

Porque nos matamos na Estrada?


Univer(sal)idades

Apresentamos em forma de pergunta aquilo que é uma afirmação inquietante e que consta em título de livro. “Porque nos matamos na estrada?e como o evitar” é temática de obra-estudo lançada já em Julho de 2003 pelos autores Luís Reto e Jorge de Sá, da Editorial Notícias e com o apoio da Direcção Geral de Viação. Partindo da realidade de um flagelo autêntico, ainda para mais quase-silencioso mas dramaticamente diário, procuram nessa obra os autores efectuar um estudo sobre o comportamento dos condutores. Compreender os seus (meus, nossos!) sentimentos e atitudes relativamente às diferentes situações de condução é certamente desafio diário, premente, sempre na expectativa de acontecer uma baixa drástica do número gritante de mortos nas estradas portuguesas.

Cada operação de Natal, Ano Novo, Páscoa, Férias,?cada vez com mais efectivos de autoridade nas estradas, contém em si uma grande esperança que com o passar dos dias passa ao dramático desencanto diante do “cemitério” (a que já estamos habituados?!) em que se transformaram as estradas de Portugal. Os números habituais falam por si e revelam a urgência de um processo educativo (a partir das mais tenras idades) em ordem à maturidade capaz de assumir a condução não como um caminho apressado para?mas uma organização de vida em que o tempo de estrada é tempo de vida e de cuidado zelador constante da vi(d)a pública.

Se nos disserem que aconteceu um acidente ou outro; que faleceu uma, duas pessoas, é uma coisa. Mas se dissermos que de Janeiro a Julho de 2004 ocorreram 21.937 acidentes com vítimas, sendo de destacar 634 mortos, o que dará (por aproximação 1.100 mortos por ano) 3 pessoas por dia que perdem a vida nas nossas estradas... então apercebemo-nos de algo de absolutamente dramático que toca a nossa própria vida e segurança comunitárias. Já em 2005 os números aí estão: de 1 a 9 de Janeiro são 1040 vítimas de acidentes, destacando-se 26 mortos (novamente mais que o ano passado).

Estes números (fonte: Direcção Geral de Viação com GNR e PSP) são, por si mesmos, grandiosa interpelação que, ano após ano, vai ceifando vidas e semeando nas estadas do pensamento a insegurança crescente que é conduzir, entrar num cruzamento, assumir o respeito por todas as regras e a atenção redobrada ao ‘outro lado’, na expectativa de que sejam sempre as mesmas as normas pelas quais nos conduzimos na via pública.

Será esta uma fatalidade sem solução à vista? Com imensos esforços já efectuados, estamos nós diante de um destino pessimista em que nada haverá a fazer? Muito para além das multas crescentes, possível alcoolismo, problemas de estradas ou viaturas, telemóvel ? o que estará de essencial por de trás de tamanha calamidade?

A média etária do sangue (e dos crimes) na estrada poderá abrir-nos uma janela de compreensão. Se referirmos que do total de 66.033 acidentes na estrada ocorridos em 2003, um terço foi provocado por condutores com idades entre os 20 e os 29 anos, então confirmamos que vamos parar novamente à mãe de todas as problemáticas, a educação para a cidadania. Conduzir é muito mais que um acto pessoal, será participar da sociedade andante que a cada passo, cruzamento ou entroncamento, passadeira ou STOP,?reclama noção ética, do dever, do outro, da responsabilidade comunitária.

É certamente este o grande desafio que se coloca hoje a todos, numa vida paralela à vida de trabalho, a vida na estrada, onde, permanentemente, se joga o próprio desafio do bem comum e onde, a todo o momento, tantas vezes, se aguarda a chamada a serenar, dizendo: “cheguei, podem estar descansados!”

Talvez, à semelhança de muitos outros programas visionários recriadores do gosto por áreas de Ensino, como os brilhantes Programas de Matemática Ensino (para todos os Ciclos) da Universidade de Aveiro, seja hora de (e como já o fazem outros países) passar a ensinar ludicamente o essencial Código da Estrada, no que ele tem de ‘regras de vida comuns’, logo a partir dos primeiros Ciclos.

O certo é que, na expectativa de menores tragédias nas nossas estradas, e muito acima das máquinas ou das vias, temos de recomeçar sempre por algum lado, talvez pelo recriar de uma noção comunitária de educação e de pertença a um bem comum que é conduzir na est(r)ada (da vida) de todos!

Alexandre Cruz*
*Centro Universitário Fé e Cultura da Universidade de Aveiro


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